Jovens sírios contam sobre sua adaptação ao Brasil
Refugiados sírios têm vindo para o Brasil para buscar uma nova vida com a sua família. Dentre esses árabes, muitos são crianças e jovens que se defrontam, ainda na infância, com uma nova nação, costumes e culturas diferentes.
O ICArabe conversou com duas destas crianças, cujas famílias são auxiliadas pelo Adus - Instituto de Reintegração do Refugiado. Eles estudam em escolas brasileiras e, apesar da dificuldade inicial para aprender o português, já fazem amigos brasileiros.
A menina Gawa, de 7 anos, veio com a mãe e com o pai para o Brasil em 2013. “Nós viajamos da Síria por causa da guerra e eu estava escutando o som de bombas e armas todas as noites”, conta. “Nós estávamos sozinhas porque meu pai estava trabalhando como engenheiro na Marinha. Tivemos que deixar a Síria e fomos para o Egito. Eu perdi muitos amigos que brincavam comigo no jardim de casa. Também perdi a escola. Então meu pai terminou o trabalho e veio para o Egito nos encontrar.”
Após terem a permanência naquele país recusada, Gawa e seus pais rumaram para o Brasil. “Meus ficaram muito felizes quando conseguiram o visto. O Brasil é muito grande, eu tenho que ficar uma hora no ônibus para ir para a escola”, conta.
A pequena também afirma ter tido dificuldades de se adaptar na escola, no início, por conta de não conseguir entender a língua, até conseguir aprender o português. “Minha escola é muito legal e meus amigos são muito amáveis, principalmente porque eu falo português bem agora e posso traduzir para o árabe para os meus pais.”
Gawa diz ter saudade da Síria, mas medo de retornar. Seu sonho é ter uma “linda casa”, parecida com a que ela tinha em seu país. Ela ainda ajuda a mãe a preparar workshopsrelacionados à cultura síria.
Outro jovem que teve que deixar seu país foi Riad, 13 anos, que também veio para o Brasil em 2013 com os pais e dois irmãos. Uma nova irmã irá nascer em breve em terras brasileiras. “Minha vida no Brasil é legal. A vida não é tão difícil, mas é diferente; a cultura, a língua, a religião.”
Para Riad, a adaptação tem sido positiva. “Tenho muitos amigos na escola e troco conhecimentos com eles sobre a cultura árabe”, conta. O jovem sírio diz não ter saudade de seu país natal. “Hoje me sinto metade brasileiro, metade sírio. Isto ainda me deixa um pouco confuso.”
Segundo dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), há mais de dois mil refugiados sírios no país atualmente. Conforme números da ONU, um total de quatro milhões já deixou a Síria desde 2011, quando iniciou a guerra civil que atinge hoje o país.
Ações do Adus
O Adus promoverá nestes sábado e domingo, , em São Paulo, das 10h às 18h, mais um Bazar Cultural para ajudar os refugiados. O evento terá música ao vivo, comidas e bebidas.
Foi com a renda gerada nas três edições anteriores que o Instituto conseguiu reformar sua sede no mês passado. Foi construída mais uma sala de aula, o Instituto atualizou o centro de informática, preparou um espaço para atendimento psicológico e construiu também um corredor para não interromper as atividades, entre outras reformulações.
A renda deste próximo evento será revertida para a estruturação de um espaço para atividades multiculturais com foco em aulas de culinária.
O ADUS também pede ajuda com doações. O Instituto recebe para o seu bazar roupas e calçados novos ou em bom estado, livros, CDs e DVSs, assim como acessórios, que podem ser entregues na sede, que fica na Av. São João 313, 11º andar, de segunda a sexta, das 9h às 21h e, aos sábados, das 9h às 16h.
Acompanhe mais informações pelo evento no Facebook
https://www.facebook.com/events/141441786203865/
Campanha de doações no Esporte Clube Sírio
O Esporte Clube Sírio, também em São Paulo, também promove campanha para ajudar crianças e está recebendo doações de brinquedos e roupas em bom estado, alimentos não perecíveis e produtos de higiene pessoal até 31 de outubro.
As doações podem ser feitas nos pontos de coleta no hall do Clube (Av. Indianópolis, 1192, telefone 11 2189 8500).