ICArabe presente em reportagem sobre o orgulho da origem árabe

Dom, 26/07/2020 - 23:47
Publicado em:

O presidente do ICArabe, Mohamed Habib, é um do entrevistados da reportagem da ANBA "Em depoimentos, orgulho da origem árabe conecta gerações". Leia aqui a publicação original ou leia abaixo:

Em evento virtual que marcou os 68 anos da Câmara Árabe, descendentes e árabes de destaque em suas áreas de atuação deram depoimentos sobre suas origens. Em comum, todos eles citaram o orgulho da história que carregam.

Para marcar os 68 anos de história da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, a instituição promoveu um evento virtual nesta quarta-feira (22). Durante a conferência, árabes e descendentes de árabes que vivem em terras brasileiras foram convidados a dar seus depoimentos. Os participantes têm perfis, idades e diferentes proximidades de suas raízes árabes. Mesmo assim, em comum, a maioria das declarações cita o orgulho da origem árabe e dos feitos no Brasil. Na foto acima, a jornalista Sonia Racy, uma das personalidades que participou da homenagem.

Quem também prestou seu depoimento foi Roberto Duailibi, publicitário. Ele conta que a mãe paulistana e o pai libanês se conheceram no país árabe e juntos se mudaram para São Paulo. “Eles criaram os sete filhos com muito amor ao Líbano, e com muito amor aos primos e a todos os outros descendentes. Eu me orgulho muito da minha origem e me identifico com a Câmara Árabe pelo trabalho que está fazendo para aproximar o Brasil daquela região”, afirmou.

Outro descendente de libanês, Hedel Fayad, general de brigada reformado, contou que os pais migraram em 1930 para o Brasil. “Nossos avós, pais e tios se dedicaram às atividades comerciais para que nós, filhos e netos, pudéssemos estudar. Da mesma maneira que alardeamos o orgulho pelo nosso sangue libanês, sabemos da responsabilidade em bem representar e honrar nossos antepassados”, disse Fayad.

Já a jornalista do jornal O Estado de São Paulo, Sonia Racy conta que segue a lição que ouviu de um senhor libanês. “Ele me disse o seguinte: ‘Minha filha, se você não sabe de onde veio, você não vai saber para onde vai’. Meus quatro avós vieram do Líbano. Tudo que tem relação com a minha origem eu tenho muito interesse”, destacou ela em vídeo enviado para o evento.

O presidente do Instituto da Cultura Árabe (ICArabe), Mohamed Habib, deu sua versão sobre como é ser imigrante árabe no Brasil. “É um processo complexo devido às tantas mudanças radicais vividas. Na língua, hábitos, comunicação, há dificuldade de adaptação a um novo país e hábitos, além da saudade da pátria original. Eu posso falar de mim, tive muita sorte. No meu processo de adaptação no Brasil, de me inserir e honrar meu compromisso, acho que tive bastante sorte e agradeço a Deus por tudo que recebi no Brasil. Me considero um imigrante feliz”, declarou ele.

Renata Maron, apresentadora do Grupo Bandeirantes que tem laços árabes pela família paterna, celebrou os feitos da comunidade no Brasil. “Acredito ser muito interessante como os árabes contribuíram em várias esferas da sociedade brasileira quando falamos de culinária, arte, cultura, medicina, tecnologia”, declarou a apresentadora, que conheceu a Arábia Saudita no ano passado e se sentiu mais próxima de suas raízes. “Carrego com muito orgulho o sobrenome Maron, o orgulho de ser árabe”, concluiu.

Outra personalidade a dar seu depoimento foi o presidente do Lar Sírio e diretor da Câmara Árabe, William Adib Dib Junior, cujo avô paterno nasceu em Homs, na Síria. “É muita satisfação e orgulho ser descendente de sírios, uma colônia muito humilde e trabalhadora que adotou o Brasil como terra natal. A coletividade árabe no Brasil sempre se fez representar muito bem, tanto no âmbito social esportivo com clubes como o Homs, Esporte Clube Sírio, Clube Atlético Monte Líbano, como nas diversas entidades culturais e beneficentes que se revelaram grandes patrimônios para a sociedade brasileira”, afirmou ele.

Adib Dib Junior citou também instituições como a Câmara árabe, o Lar Sírio para Infância, o Hospital do Coração, o Hospital Sírio Libanês e Associação Beneficente Mão Branca de Amparo aos Idosos. “Muitas delas com um século de existência ajudam toda população e são referências em suas áreas de atuação”, enfatizou.

O médico e professor livre-docente da Universidade de São Paulo (USP), Alvaro Sarkis, reforçou a importância das entidades e hospitais citados por Adib Dib Junior. “Minha família por parte de pai e mãe imigraram para o Brasil na década de 10”, contou o médico, lembrando que muitas das instituições beneficentes foram criadas neste período.

Já a jornalista Marina Sarruf Machado é neta de imigrante sírio e colaborou logo nos primeiros anos da Agência de Notícias Brasil Árabe, que tem a missão gerar notícias que conectem brasileiros e árabes. “Tenho muito orgulho por ter trabalhado na ANBA, que hoje já tem cerca de 80 mil acessos mensais e está cada vez mais conhecida no Brasil e nos países árabes”, contou ela, que permaneceu na ANBA por sete anos e hoje trabalha no departamento de Comunicação da Câmara Árabe.

Para o embaixador e vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, que tem avós paternos e maternos originários da Síria, a ocasião foi de celebrar. “Em primeiro lugar, celebrar aqueles que com determinação decidiram partir para um mundo novo. Trouxeram sua capacidade empreendedora e sobretudo a coragem para enfrentar os desafios que tinham pela frente. Essa é a história de milhares de famílias do mundo árabe que procuraram o Brasil, uma terra de oportunidades para transformar aspirações e anseios em realização pessoal e profissional. É a história das minhas famílias paternas e maternas”, afirmou.

Riad Younes, diretor do Centro de Oncologia do Hospital Oswaldo Cruz e vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, se considera “antes de tudo, membro desta grande comunidade árabe brasileira” e tem orgulho disso. O médico nasceu no Líbano e veio ao Brasil fugindo da guerra civil em 1976. “Nas primeiras horas em solo paulista, senti acolhimento e abraço duplo: dos árabes e brasileiros. Me senti bem-vindo, estudei e trabalhei. Em nenhum momento percebi discriminação ou intolerância. Cresci na carreira sempre pensando em como retribuir”, afirmou ele, explicando que participou de ações filantrópicas e segue contribuindo com o trabalho da Câmara Árabe.

Para concluir os depoimentos, o ex-presidente da República, Michel Temer, falou sobre sua origem libanesa. “Quero dizer do orgulho que tenho de ser filho de libaneses”, afirmou. Para Temer, para comprovar a receptividade que o Brasil tem com os estrangeiros, basta olhar os postos políticos que alcançou. “Pude ingressar em vida pública e cheguei aos postos da presidência da Câmara dos Deputados várias vezes, secretário de Estado várias vezes, de igual maneira vice-presidente e presidente da República, o que revela bem a integração do povo árabe com brasileiro. E mais, ainda, a receptividade do Brasil para o estrangeiro. De modo que nesta comemoração eu quero mais uma vez revelar meu orgulho de origem, mas especialmente o meu orgulho de nascimento. Ou seja, Líbano e Brasil andam juntos e continuarão juntos, a comunidade árabe e o Brasil”, afirmou em vídeo.

No webinar também foram expostos os dados uma pesquisa que revelou 11,6 milhões de árabes e descendentes vivendo no Brasil. Os dados foram apresentados pela CEO do Ibope Márcia Cavallari Nunes, e pela diretora da H2R Pesquisas Avançadas, Alessandra Frisso. Também falaram no evento o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, o presidente do Conselho de Orientação da entidade, Walid Yazigi, e o secretário-geral da instituição, Tamer Mansour, além do decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil e embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, e o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, em vídeo gravado.

Leia mais reportagens sobre a pesquisa e o evento virtual:

Comunidade árabe é 6% da população brasileira, diz pesquisa

Entre descendentes de árabes, netos são 41%

Lideranças empresariais: 10% são árabes e descendentes

Câmara Árabe anuncia criação da Casa Árabe

Acompanhe o webinar completo neste link.