ONG ensina capoeira a jovens árabes refugiados

Sex, 06/12/2013 - 11:18
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A organização inglesa ‘Bidna Capoeira’ leva o esporte brasileiro a crianças e jovens de 07 a 22 anos na Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Síria. Desde 2007, mais de 15 mil pessoas já participaram do projeto.Apaixonado por capoeira, Tarek Alsaleh, alemão de ascendência síria formado em Ciência do Esporte, se mudou para Damasco em 2007. Lá, começou a ensinar o esporte brasileiro para crianças nas ruas da cidade. O interesse dos jovens pela atividade foi crescendo e a prática foi levada também para prisões e hospitais. Com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Alsaleh começou a ensinar o esporte também no campo de refugiados de Al Tanf, na fronteira entre Síria e Iraque. Daí nasceu a organização ‘Bidna Capoeira’ (Queremos Capoeira, em árabe), que utiliza a mistura de luta e dança para melhorar a vida dos jovens refugiados.

Atualmente, o projeto atua na Síria, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, com participantes de 07 a 22 anos. Além da prática da capoeira, os alunos também aprendem a história e cultura do esporte. “Os paralelos que a capoeira oferece para os jovens em situações vulneráveis são extremamente valiosos em ajudá-los a lidar com as situações difíceis pelas quais eles passam”, conta Ummul Choudhury, co-fundadora e diretora da ONG.

Ela lembra que os campos de refugiados são lugares superpovoados, pobres e que a violência física faz parte do dia a dia dos jovens. Com poucos lugares para brincar, diz, muitas crianças apresentam problemas de comportamento, como agressividade, depressão e hiperatividade.

“O Bidna Capoeira usa a forma de arte única e não competitiva da capoeira para quebrar ciclos de violência, isolamento e melhorar a saúde psicossocial de jovens desesperadamente vulneráveis", afirma Choudhury.

Parte dos professores é brasileira, mas o projeto também trabalha treinando novos instrutores locais. “Nosso programa na Síria é gerido por pessoas locais que começaram como estudantes conosco e evoluíram, tornando-se instrutores. Trabalhamos para institucionalizar o valor social que a capoeira pode trazer para jovens traumatizados e vulneráveis e para poder espalhar esta mensagem”, destaca a diretora.

Do Brasil, também vai a língua das músicas cantadas nas rodas. “As canções da capoeira são ensinadas em português, junto com o significado e a história narrativa da capoeira. Nós também trabalhamos com nossos alunos para criar canções em árabe adaptadas do estilo original em português”, diz Choudhury.

A diretora revela ainda que a ONG tem planos de expandir seu trabalho. “Vamos começar projetos na Jordânia em 2014. Esperamos conectar, inspirar e acessar a comunidade mundial da capoeira por meio de nossos projetos”, completou.

O orçamento atual da ONG é de 320 mil libras esterlinas, cerca de R$ 1,242 milhões. Segundo Choudhury, a organização conta com a ajuda do governo brasileiro no desenvolvimento dos projetos.

Quem quiser conhecer o Bidna Capoeira pode acessar o site www.bidnacapoeira.org ou a página do projeto no Facebook www.facebook.com/BidnaCapoeira.